Português

A disciplina de Português do projeto #EstudoEmCasa abrangeu o arco de anos de escolaridade que se inicia com o 1.º ano do 1.º ciclo e termina no 12.º ano. (No ensino secundário, os blocos pedagógico-temáticos destinaram-se tanto a alunos do ensino geral como a alunos dos cursos profissionais.) Foi, portanto, possível implementar o processo de continuidade de aprendizagens entre anos e ciclos e trabalhar os domínios e os conteúdos da disciplina segundo o princípio da progressão e da expansão de saberes, assegurado também pela ideia de retoma e reforço, num desenvolvimento em espiral dos conhecimentos e das competências dos alunos.

Nos blocos pedagógicos temáticos construídos no âmbito do #EstudoEmCasa, operacionalizou-se de um modo integrado os diferentes domínios em que a disciplina se organiza segundo as Aprendizagens Essenciais, a saber, Oralidade (Compreensão e Expressão), Leitura, Educação Literária, Escrita e Gramática. Tal significa que, mesmo em anos em que a Educação Literária ganha um peso maior na disciplina, como sucede no ensino secundário, as atividades preparadas nos blocos pedagógico-temáticos articularam de forma orgânica o estudo da literatura com os demais domínios do português.

Certo é que o modelo de ensino-aprendizagem do #EstudoEmCasa se ressente de um constrangimento para o qual houve que encontrar soluções: o facto de o aluno não estar presente no espaço físico de lecionação, assistir à gravação dos blocos pedagógico-temáticos em diferido e de, por estes motivos, não poder interagir diretamente com o professor. No que respeita aos domínios de produção – Expressão Oral e Escrita – os constrangimentos são mais acentuados e, para esses casos, a resposta consistiu em propor atividades que os estudantes pudessem realizar autonomamente ou no contexto da turma, mas também sugerir ou descrever com mais pormenor o modo como a atividade poderia ser realizada.

Nessa medida, cumpriu-se, no #EstudoEmCasa, uma premissa do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (Martins, 2017) que orientou a disciplina de Português, fomentando-se o trabalho de “aprender a fazer”, enquanto estratégia que permite ao aluno ganhar consciência dos processos de aprendizagem para melhorar o seu desempenho nos vários domínios. Esse “aprender a fazer” concretizou-se, por exemplo, em atividades como a seleção e o processamento da informação essencial de um texto, a planificação e a escrita de um texto extenso, a elaboração de respostas restritas bem estruturadas a questões de um teste. Este trabalho foi complementado por momentos de exercitação e, sobretudo, de sistematização de conhecimentos e de autorregulação de aprendizagens.

Cumpriram-se também, a partir de conteúdos das Aprendizagens Essenciais, outras orientações do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, como: promover a autonomia do aluno, a sensibilidade estética, a criatividade e o espírito crítico e contribuir para formar a personalidade do jovem estudante enquanto cidadão, entre outros. Quanto ao último ponto, saliente-se que os temas mobilizados para os blocos pedagógicos temáticos foram frequentemente determinados pelos textos literários (e/ou pelos textos não literários) preconizados nas Aprendizagens Essenciais e, não raro, foram abordados, explícita ou implicitamente, em articulação com tópicos de Educação para a Cidadania – cf. Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (Monteiro, 2017).

Na preparação dos blocos pedagógicos temáticos, os professores da disciplina tiraram partido dos meios tecnológicos e multimédia que o #EstudoEmCasa tem ao seu dispor e, no âmbito do modelo de ensino-aprendizagem do projeto, puderam realizar atividades que, em alguns casos, seria mais difícil pôr em prática no contexto de sala de aula. Quando possível, seguiu-se uma abordagem metodológica que partia do desafio e encorajava à descoberta. Além disso, criaram-se atividades motivantes e inovadoras (e, nos dois primeiros ciclos, lúdicas) que mobilizaram materiais construídos pelos docentes da equipa #EstudoEmCasa e/ou que didatizavam excertos de documentários, reportagens, vídeos musicais, jogos multimédia, entre outros. Seguindo os principais documentos curriculares orientadores, implementaram-se também, em alguns blocos pedagógicos temáticos, atividades de articulação curricular e iniciativas interdisciplinares que acompanharam o espírito dos Domínios de Autonomia Curricular (DAC) e que, para além de terem constituído momentos importantes de aprendizagem, foram pensadas como propostas para escolas, professores e alunos reproduzirem ou adequarem aos projetos de turma.